quinta-feira, 11 de novembro de 2010

CASO PANAMERICANO - ENTENDA






O Grupo Silvio Santos pode vender o controle do Banco Panamericano para honrar arte do empréstimo de R$ 2,5 bilhões concedido à holding do apresentador pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A instituição ainda não foi colocada à venda oficialmente, segundo fontes próximas à companhia. Mas essa pode ser a primeira - e a mais rápida - solução para começar a arrecadar o dinheiro.

Silvio Santos deu como garantia do empréstimo todas as 44 empresas da holding. O banco, na visão do grupo, é um bom negócio. Seu problema era contábil. Com a capitalização anunciada ontem, voltaria a atrair compradores. Silvio Santos estaria disposto a se desfazer do Panamericano, segundo a reportagem apurou. Desde que o Banco Central apurou a fraude contábil, há cinco semanas, o empresário tem adotado uma postura bastante pragmática. Todas as opções de venda de patrimônio serão analisadas. Quando uma participação minoritária foi vendida para a Caixa, há um ano, o Panamericano foi avaliado em cerca de R$ 2 bilhões. A venda do banco provocaria um forte impacto em todo o grupo, pois é, de longe, o negócio mais importante e rentável.

No início de 2008, um executivo de um banco americano procurou Silvio Santos para fazer uma oferta pelo Panamericano. Foi recebido na casa do apresentador. Silvio não quis vender e teria dito algo como: "Trabalho todos os dias na televisão. Chego de manhã e saio tarde da noite. No fim do ano, a TV me rende, no máximo, R$ 40 milhões. Quanto ao banco, nunca fui lá. Mas todo ano me dá até R$ 120 milhões. Não quero vender. E posso correr risco de até uns R$ 2 bilhões no banco". Na mesma conversa, o banqueiro perguntou por que não vendia um pedaço do SBT para a Televisa. Silvio disse que havia tentado, mas não havia encontrado interessados. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

O empresário Silvio Santos colocou todo seu complexo empresarial como garantia do empréstimo de R$ 2,5 bilhões concedido ao Banco Panamericano, do Grupo Silvio Santos, pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC). A operação de ajuda financeira foi anunciada ontem. A garantia inclui o Sistema Brasileiro de Televisão (SBT), a empresa de cosméticos Jequiti, a Liderança Capitalização, as lojas do Baú da Felicidade e o próprio Banco Panamericano. As garantias somam R$ 2,7 bilhões.

O Banco Central (BC) detectou uma deficiência expressiva no patrimônio do Banco Panamericano e deu 30 dias de prazo para se buscar uma solução, que incluía capitalização, troca de controle ou intervenção da autoridade monetária, explicou hoje o presidente do conselho de administração do FGC, Gabriel Jorge Ferreira, em entrevista à imprensa. Segundo ele, a novidade nessa operação foi a entrada do FGC para tentar evitar a quebra do banco.

Para resgatar o banco, a holding que controla o Panamericano, a SS Participações (Grupo Silvio Santos), fez uma emissão privada de debêntures de R$ 2,5 bilhões, com prazo de dez anos e carência de três anos. O papel será corrigido pelo Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M). O próprio empresário Silvio Santos conduziu pessoalmente as negociações, segundo Ferreira. No dia 11 de outubro, ocorreu pela manhã o primeiro contato com o BC e, na tarde do mesmo dia, com o FGC.


O Banco Central divulgou nota nesta tarde em que afirma que a solução sugerida pelo controlador do Banco Panamericano, o Grupo Silvio Santos, para resolver o problema patrimonial foi apresentada em 3 de novembro, dentro do prazo legal. Em nota, a autoridade monetária afirma que "no dia 3 de novembro próximo passado, o controlador apresentou ao Banco Central, dentro do prazo legal, a proposta de recomposição patrimonial". "Na semana corrente, o plano foi estruturado e executado", cita o texto.

No texto, o BC afirma que a compra de 49% das ações ordinárias do Banco Panamericano pela CaixaPar, subsidiária da Caixa Econômica Federal, foi aprovada de acordo com os critérios previstos na Lei 11.908 de 2009. "A análise realizada pelo Banco Central a respeito da operação de aquisição foi concluída na forma da legislação em vigor. O Banco Central não tem competência legal para avaliar a oportunidade e a conveniência de negócios privados, nem para efetuar auditoria nos demonstrativos das partes para efeito da aquisição de participações societárias, tarefa que cabe aos auditores contratados pelas partes para esse fim", cita a nota.

O texto diz, ainda, que "a análise do BC leva em conta índices de concentração e competitividade do mercado, ou seja, busca identificar o mercado relevante e eventual impacto sobre a concorrência".

"Por se tratar de restabelecimento de equilíbrio patrimonial, a participação acionária da Caixa Econômica Federal e dos demais acionistas minoritários não foi alterada em razão da operação realizada pelo sócio majoritário. O fato relevante divulgado em 9/11/2010 pelo Banco Panamericano S/A diz respeito, portanto, a operação financeira de caráter privado, visando à proteção de seus clientes e do sistema financeiro".

O comunicado afirma, ainda, "em sua rotina de supervisão do sistema financeiro, o Banco Central detectou inconsistências nos registros contábeis do Banco Panamericano". "Seguindo os procedimentos legais, o Banco Central comunicou o fato ao grupo controlador da instituição e determinou a adoção de providências imediatas para regularização da situação patrimonial do banco, tendo o controlador do Banco Panamericano solicitado prazo para a solução financeira do aporte de capital".

O diretor de Fiscalização do Banco Central, Alvir Hoffmann, explicou que se o banco Panamericano fosse liquidado neste momento o rombo financeiro seria da ordem de R$ 900 milhões. O aporte feito na terça-feira, 9, à noite, pelo controlador, o empresário Silvio Santos, no entanto, foi maior: de R$ 2,5 bilhões. A diferença é explicada pela necessidade de ajuste patrimonial da instituição de cerca de R$ 1,6 bilhão.

Durante entrevista, o procurador-geral do Banco Central, Isaac Ferreira, informou ainda que a legislação vigente prevê que a responsabilidade do caso é de todos os sócios, inclusive da Caixa que é sócia minoritária. "Portanto, ela tem responsabilidade legal". Ele negou a afirmação de que o fato de a Caixa ser uma instituição controlada pelo Tesouro Nacional seria impeditivo para a liquidação do Panamericano.

Hoffmann informou, ainda, que "há indícios de venda dupla" de carteiras. Ou seja, um mesmo ativo pode ter sido vendido a mais de um banco. Segundo ele, há vários indicativos que apontam para o crime financeiro. "Há perspectiva que certamente vão redundar em processo para o Ministério Público", disse.

Surpresa. Foi essa a primeira reação do empresário e apresentador de TV Silvio Santos ao receber do Banco Central a notícia de que sua instituição financeira, o banco Panamericano, amargava um rombo bilionário e que poderia ser liquidada se nada fosse feito. Diante da situação, tomou a responsabilidade para si e decidiu resolver o problema com bens e ações que estavam a seu alcance. "Não há prejuízo para credores e clientes. O único que perde é o dono do banco", disse o diretor de Fiscalização do BC, Alvir Hoffmann, ao comentar o empréstimo de R$ 2,5 bilhões tomado do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).

"O empresário controlador demonstrou muita surpresa com a notícia, mas nunca se furtou com a responsabilidade", lembrou o diretor do BC, ao comentar que a pessoa física de Silvio Santos optou em colocar em xeque todos os seus bens para manter o banco e, por consequência, o restante de seus negócios. "Ele nunca se furtou com a responsabilidade, com compromisso da imagem dele, com os clientes, com os funcionários", disse Hoffmann. O diretor comentou que o empresário "sabia que uma liquidação seria a indisponibilização de todos os bens pessoais dele".

Silvio Santos conseguiu o megaempréstimo de R$ 2,5 bilhões do FGC porque deu como garantia exatamente os mesmos ativos que poderiam ficar indisponíveis caso o Panamericano fechasse as portas. "Diferentemente do que aconteceu com a família controladora do Banco Nacional que não dispunha de bens, o fato de o empresário ter recurso e bens foi fundamental para que a operação (de empréstimo) pudesse ter sido feita", explicou Hoffman

FONTE: WWW.ATARDE.COM.BR

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