quinta-feira, 8 de junho de 2017

Faltam políticos comprometidos com o Estado

Faltam políticos comprometidos com o Estado.

Um cenário digno de filme de Gangster, do qual, quiçá, nenhum inventivo cineasta tenha elucubrado, engloba o Brasil há muito tempo, talvez, desde a época do nosso “achado”. A diferença é que as opções evoluíram e a profissionalização da corrupção foi marcante. É ingênuo conceber que esse processo torpe foi estruturado em governo A ou B.

Os grandes escândalos, tão alardeados pela mídia, tendo como marcas patrocinadoras nomes fortes do cenário econômico, a nosso ver, é a ponta do Iceberg. Financiamentos de campanhas, benefícios para políticos e seus apadrinhados, em troca de projetos e leis que beneficiem o setor do patrocinato, é uma curva ascendente partindo dos pequenos comércios de bairro, que são bonificados com ações locais de um vereador ou secretaria, até grandes conglomerados industriais que cedem jatinhos, vultosas doações e outros mimos em troca de leis, reformas e tudo mais que seja de agrado aos beneficiados.

E o povo, o cidadão, como fica? Apenas como coadjuvante eleitoral. Não existem homens públicos preocupados com o Estado, com a gerência competente, ilibada e comprometida com o desenvolvimento social de uma cidade, estado e nação. Quem é serio e tem, até, desejo de participar de um processo democrático evolutivo, cria repulsa ao contexto. Não adianta, apenas, mudar cargos máximos, como prefeitos, governadores e presidentes, mas os entremeios como vereadores, deputados estaduais, deputados federais e senadores e esses, por sua vez, no exercício do cargo, trabalharem em prol da coletividade.

Ministérios, secretarias e todos os penduricalhos empregatícios deveriam sofrer uma reforma estrutural, reduzindo os cargos desnecessários e tendo, cada pasta, ao seu controle, tecnocratas especialistas nas áreas correspondentes, sobremaneira, com senso humanístico aguçado. Infelizmente toda essa narrativa, efetuada até agora, permeia o universo de fantasia, porventura, com um quê de loucura, pois somos tão responsáveis, quantos eles, eleitos, por tentar mudar nosso destino. Somos corruptos no dia a dia, nos favorecemos de amizades influentes para lograr êxito em alguma atividade, na qual, seguindo o rito normal, levaria dias para efetiva concretização, burlamos normas, desrespeitamos as leis e efetuamos diversas ações ilícitas no nosso processo diário.

Mudar, sem dúvidas, é preciso, mas essa permuta carece começar da base, nas nossas empreitadas diárias, para que, dignamente, tenhamos a capacidade e serenidade de lutar por mudanças e, aí sim, construir uma sociedade pautada no respeito às leis e aos cidadãos, senão, estaremos fadados ao lodaçal contínuo.

Deivisson Lopes Pimentel, bibliotecário formado pela Universidade Federal da Bahia – UFBA.