sexta-feira, 4 de maio de 2012

TRISTE BAHIA- POR WALTER ALTINO

A Bahia continua sendo singular , mas tão singular!, que ainda aqui vale a máxima antiga de que “se pensar no absurdo na Bahia tem precedentes!”. Assim verificamos que a Bahia da uma continuidade fiel as suas tradições de herança colonial, quase feudal, que impera na política baiana independentes de matizes partidária que assumam o poder . Assim, quem pensou que herança autoritária, hegemonista, centralista e conservadora morreria com o fim de Antonio Carlos Magalhães estava enganado. Ela sobrevive e se reformula; agora com matizes de centro direita, sobre o domínio do “PT local submetido ao Senhor Wagner” . Hora o governador sobre como se adequar muito bem a cultura política baiana , não só cooptando os quadros conservadores da política clientelista de direita as chamadas viúvas do Carlismo ( a exemplo de Oton Alemcar ,ou seu namoro com Cezar Borges e cooptação de muitos dos que migram para a nova sigla do PSD ) , bem como operando o uso de cooptação da maquina para impor sua política personalista e centralizadora, tanto externamente ao poder legislativo e judiciário , mas também para dirimir possíveis oposições antes de nascerem dentro do seu próprio partido o PT calado e domesticando possíveis liderança em oposição a seu projeto como Pinheiro e Pelegrino. Predomina então a essa lógica em continuidade a tradição clientelista, onde todo mundo reza uma só cartilha: a política de ocupar uma fatia do poder com ocupação de cargos no primeiro , segundo e terceiro escalão . Dessa forma o Governador, operando muito bem dentro dessa lógica da cultura política baiana neo-carlista, pode usar o chicote contras os insurgentes da nova relação casa-grande/ senzala ; os quais são estes o ultimo farol sinalizador de que ainda existes um sopro de república na Bahia . São estes : funcionários públicos . Com essa categoria Wagner não negocia. Sejam eles da área da saúde , da educação no nível médio e superior ou os militares. Ao contrário disso usa força do Estado e de seu poder de influência para calar este movimentos , seja usando a interferência externa do Poder Judiciário e da mídia , seja o usando os mecanismo de coerção interna, como cortes de salários, processo administrativo e demissão ( sendo estes dois últimos mais especificamente usados no caso dos militares) . Verificamos, assim, na greve atual como essa singularidade é expressa na sua forma mas bizarra ! Ao ponto de colocar em cheque se há alguma possibilidade de vislumbrar uma democracia republicana na Bahia , ou se estamos ainda na era de Dão Pedro e toda a geração déspotas que o sucedeu; cujo exemplo mas mórbido do período republicano na Bahia foi o Senhor Antônio Carlos Magalhães. O seja o Governador usa de sua influência para esmagar a greve dos professores pelo judiciário submisso, com seus juízes capachos, ávidos por promoção , que facilmente considera a greve ilegal para atender o perdido da corte; bem como submete o poder legislativo a aprovar um projeto, que enterra qualquer possibilidade de atendimento do pleito dos professores . Sendo sua ordem seguida quase que acriticamente por todos os parlamentares da sua base, os quais negando sua historia de ex-sindicalistas votam quase unanimemente no projeto do governo, seja ele qual for . O que nos coloca a refletir é se temos ou não uma república democrática na Bahia, ou se não estamos condenados eternamente a viver em um neo-feudalismo, onde ao invés de três poderes , verificamos o todo poderoso poder executivo moderador e os seu vassalos no judiciário e no poder legislativo. Triste Bahia !



Walter Altino

Mestre em sociologia pela UFBA

Coordenador Geral do Atitude Quilombola

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