segunda-feira, 5 de dezembro de 2011

Que droga! Essa droga acaba com tudo!

Que droga! Essa droga acaba com tudo! A redundância, no título desse pequeno artigo, faz jus a mais um momento em que perdemos uma artista de talento incomensurável. Não é da nossa alçada indicar e fazer alusões aos motivos que levaram a Amy Winehouse ao caminho das drogas, mas refletir sobre o falso prazer e satisfação que esse mal propicia para aqueles que fazem uso delas! A cantora, em foco nessa narrativa, é um dos milhares de casos que muitas pessoas e famílias passam ao ter a vida atrelada ao uso de entorpecentes. Alguns indivíduos se envolvem nesse mundo por curiosidade, outros, para fugir das suas frustrações. A primeira classe deveria ler mais sobre os efeitos das drogas e sanar o seu interesse. Para a segunda linha, o recomendável seria a busca por alternativas para resolverem seus problemas e superar os obstáculos da vida. Outrora o consumo da droga era algo meticuloso, entretanto, a modernidade banalizou sua utilização e aqueles que se abstêm são enquadrados como caretas. Faço honras àqueles que são prosélitos por sorver o que a vida tem a oferecer de melhor e saudável. Infelizmente a cantora Amy, um talento para os amantes de boa música, foi ceifada por esse item nefasto e nos colocou a relembrar outros grandes nomes, do cenário artístico, que tiveram o mesmo fim, curiosamente, alguns na mesma idade da Winehouse, 27 anos. É certeza que esse não será o último caso, envolvendo personalidades, que iremos testemunhar e lamentar, mas devemos fazer uma reflexão sobre milhares de pessoas que estão tendo suas vidas devastadas por essa peste que é buscada para fornecer uma falsa sensação de satisfação e resolução dos seus óbices. O que é mais lamentável é que estamos assistindo o poder constituído fomentando marchas e caminhadas em prol de uma erva e a mídia que propaga comerciais maravilhosos para o consumo de bebida alcoólica e o fumo. Sou, definitivamente, um careta consolidado! Deivisson Lopes é bibliotecário graduado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA)

Inversão de valores: o mau se sobressai!

Inversão de valores: o mau se sobressai! Há algum tempo, não muito distante, as pessoas eram reconhecidas pelos seus méritos e contribuições positivas para o desenvolvimento da humanidade, valendo-me de uma maior abrangência. Esse reconhecimento motivava as pessoas a buscarem, também, seu destaque dentro de um determinado cenário, afinal, por mais que haja negativa acerca da característica, o ser humano é movido por uma vaidade que, dentro de um limite, é saudável e benéfica! Estudar, contribuir para o desenvolvimento, inovar, criar, revolucionar e tantos outros adjetivos positivos eram o foco de muitos jovens aspiradores. Ao avançar do tempo essas qualificações foram perdendo mérito e os bons moços e boas moças deixaram de ser referenciais. O filho pródigo passou a ser insosso e o pérfido passou a ter destaque e reconhecimento, sendo exaltado. Idolatrar e fazer apologia às drogas e à bandidagem tornou-se o foco de uma juventude transviada do bom norte, que esqueceu que o alicerce para o sucesso é a dedicação e o estudo. Apegar-se à modismos incongruentes ao bom ser é a voga e as ações corretas são pieguices fora de moda. A juventude hodierna é orientada à vida fácil e ao materialismo conquistado de maneira célere, ou seja, através da criminalidade e prostituição! Um fato, corriqueiro, mais uma vez ganha manchete nos principais jornais da Bahia: a morte de uma mulher envolvida com a criminalidade. Ela não será a primeira e nem a última idolatria de um povo néscio. Recordemos Aquele Leonardo Pareja que, por pouco, não se tornou herói! Questiono-o, caro leitor, ou leitora, se é comum você folhear algumas laudas, ou navegar em alguns sites da internet, e ler uma manchete idolatrando bem feitorias. Você consegue ver isso? Deveras não observas isso, pois a nossa mídia, ávida por audiências e vendas, o que é normal, dentro de um regime capitalista, divulga aquilo que vende mais e que chama as atenções, ou seja, as ações que não são exemplares! Quiçá a minha visão seja nefasta é radical, entretanto, compartilho do bom senso em reconhecer valores morais e éticos coerentes com o bom desenvolver de um povo. Vamos idolatrar e fazer apologia aos estudos e respeito ao ser humano. Deivisson Lopes é bibliotecário graduado na UFBA (Universidade Federal da Bahia)

Nome aos bois brancos

ESPAÇO ABERTO Debate de idéias – Informativo da Associação dos Docentes da UFMT – Adufmat - nº 225/2011 NOMES AOS BOIS BRANCOS Roberto Boaventura da Silva Sá Dr. em Ciência da Comunicação/USP e Prof. da UFMT rbventur26@yahoo.com.br Em artigos anteriores, já evidenciei minha intolerância aos racistas de todas as cores. Por isso, passei a questionar a produção/manipulação de discursos sobre as cotas. Assim, ouvi atento o programa “Quando o dia vem: a luta social dos negros no Brasil”, que a Rádio Senado (FM 102,5 Mhz) apresentou nos dias 18 e 25 pp., comemorando a honesta e importante luta de Zumbi: líder de todos os negros, não apenas de uma parte. Diante dessa postura, e após identificar colegas – também negros – racistas no meio acadêmico, passei a indagar o conteúdo de alguns números obtidos por pesquisas, tanto do IBGE quanto de grupos de estudos de universidades públicas, como um Relatório Anual das Desigualdades. Mas antes de quaisquer questões sobre esses números, que expõem inferioridade social dos negros em relação aos brancos, gostaria de saber quem é mesmo genuinamente branco, preto, amarelo, índio...? Talvez, se chegássemos a uma resposta irrefutável, tudo ficaria ainda mais complexo para encaminhamentos de políticas públicas. E aí, a luta por cotas, levada a cabo, no grito, e até no braço, por parte de alguns movimentos negros, pudesse abranger todos os brasileiros pobres, qualificando a educação pública desde as séries iniciais. Isso posto, passo a pontuar alguns dos itens destacados nas pesquisas. É dito que, em geral, um negro recebe metade do salário de um branco pelo mesmo trabalho. Onde? Suponho que seja nas empresas privadas, pois no serviço público isso não ocorre. Se for, quais são as empresas que cometem o crime de racismo? Se os movimentos têm as informações são obrigados a publicá-las, a denunciar os racistas brancos à justiça. Ah, alguém lembraria: na justiça, os números também são adversos aos negros, tanto que “é comum os réus ganharem as ações”. Se é assim, boca no trombone. Trombone e holofotes não faltam aos movimentos negros com recortes raciais; e não faltam porque essa luta que fragmenta, destruindo a luta conjunta dos trabalhadores, interessa à mídia comercial, representante legítima do capital. Todavia, embora improvável, se a mídia “de brancos” não der espaço às denúncias, vamos à internet; vamos às mídias alternativas, para as quais as cores da pele são mais diluídas. Quem quer se comunica. Outro dado me inquietou: da saúde, é dito que o não-atendimento pelo SUS entre os negros é de 27%; entre brancos, de 14%. Pergunto: esses números estão dizendo que há atendentes e médicos racistas? Se é isso, por que os movimentos não denunciam as unidades e os servidores envolvidos ao Ministério e às Secretarias Estaduais de Saúde? Ou já denunciaram? Se sim, onde? Quando? Quem foi denunciado? Mais: que 40,9% das mulheres negras nunca fizeram mamografia contra 22,9% das brancas. Por que? Porque são negras ou porque nunca procuraram o serviço? Fiquei na dúvida, mas não posso crer facilmente que num posto do SUS isso ocorra de forma tão descarada. Por isso, a interpretação mais adequada desses números pode não estar sendo feita. Pois bem. Sem duvidar das pesquisas, mas sabendo da paixão e dos interesses que movem algumas lideranças, desafio os movimentos que apostam na luta da raça – e não da luta classista – que passem a dar nomes aos bois brancos. Isso já é feito com o trabalho escravo e a exploração infantil. Enfim, vamos encurtar a luta? Ou encurtar a luta não interessa a líderes e pesquisadores que recebem altos financiamentos – de ONGs, governos e empresas – para estudar raça e dividir a classe? Quem me responderá essas indagações?